quarta-feira, 24 de setembro de 2008

O CORDEL DO PAVÃO MISTERIOSO E O GRUPO CAÇUÁ DE TEATRO!!!







O Cordel brasileiro nos chegou indiscutivelmente, através dos colonizadores e que, aqui no Brasil, originalmente no Nordeste, tomou uma dimensão muito própria, fincada nas tradições popular e oral.

O Cordel do Pavão Misterioso, trabalho do Grupo Caçuá de Teatro resgata a literatura de cordel e o teatro popular reafirmando o compromisso com as tradições locais já expresso em seus trabalhos anteriores, através do estudo e da pesquisa da cultura popular da região sudoeste da Bahia e do reconhecimento da literatura de cordel como importante veículo de informação e comunicação, produzido, difundido e assimilado pelo povo nordestino.

O Caçuá originou-se no ano de 1998 na Universidade Estadual do Sudoeste ds Bahia-UESB, NA CIDADE DE VITÓRIA DA CONQUISTA, NO SUDOESTE BAIANO, com projeto de extensão acadêmica Grupos de Arte da Uesb, permitindo o acesso de universitários e de segmentos da comunidade local a um grupo de arte.
O Grupo de Teatro da UESB , como era conhecido, especializou-se na preparação de atores locais que através do teatro, discutiam temas relacionados com o cotidiano da cidade, incorporando a esta arte, discussões variadas tendo como principal meta o resgate dos valores locais através de um teatro mais engajado, social e acessível a todos, alem de estar presente em todos os eventos acadêmicos e culturais, com apresentações, cursos ou oficinas, promovidos pela Uesb.


Em 2002
a universidade decidiu suspender o Projeto Grupos de Arte da UESB.
O grupo driblou as dificuldades e assumiu uma nova identidade, tornando-se um grupo independente, o GRUPO CAÇUÁ DE TEATRO. O primeiro trabalho do Caçuá, nesta nova fase, foi idealizado a partir das referencias com a cultura popular da nossa região e do reconhecimento literatura de cordel, pouco existente nos acervos da nossa cidade.

Somando os ingredientes de um clássico da literatura de Cordel” O Romance do Pavão Misterioso” de José Camelo de Melo Resende, datado da década de vinte e do cordel “ A Cerca” , criado pelo Grupo e escrito por Francisco André, este espetáculo popular tenta estabelecer um trabalho de valorização e permanência deste genuíno produto do imaginário popular, com um resultado cênico, que passa através das folias e tradições da nossa região, expressas nas novenas,penitencias e festas de bandeiras, das fuzacas e cantigas de rodas, das rodas de samba, ternos de reis, festas juninas pertencentes ao universo cultural sertanejo.


O espetáculo O Cordel do Pavão Misterioso iniciou com apresentações com o Grupo Caçuá de Teatro nas praças e feiras livres de Conquista ate chegar aos palcos fechados de região.

Em julho de 2003, o espetáculo foi convidado para participar do Projeto de Cabo a Rabo promovido pelo Teatro Vila Velha, em Salvador, onde obteve elogiada crítica do público e dos profissionais da área.

Em 2004 o Grupo Volta para o teatro Vila Velha participando do “Amostrão Vila Verão” reunindo as melhores atrações que passaram pelo Vila no ano anterior!

De lá para cá o espetáculo ganhou corpo e apresentou-se em várias cidades do interior da Bahia, participando em 2005 do Projeto Circulador Cultural, promovido pela Fundação cultural do Estado da Bahia apresentando na cidade do samba de roda, em Santo Amaro da Purificação!

Em 2006 participa da Amostra Sesc de Artes Pelourinho apresentando no Cruzeiro do São Francisco em pleno Pelourinho, em Salvador.

Em 2007 é apresentado pelo Grupo Os Teatrais do Colégio Estadual Manoel Novaes em Salvador, como resultado da Oficina de Teatro Popular ministrada pelo diretor do Caçuá como conclusão de sua Licenciatura em Teatro, pela Ufba.

Agora em 2008 junta-se a Finos Trapos, descendente direta do Caçuá, para participar da leituras dramáticas que a Finos promove como parte das atividades como Grupo Residente do Teatro Xisto Bahia, em Salvador, além de comemorar os 10 anos de labutas do Caçuá!
Agora só falta você nesta roda!

BIOGRAFIA DO AUTOR

José Camelo de Melo Resende nasceu em 20 de abril de 1885, em Pilõezinhos, na época distrito de Guarabira (PB). Vai à escola e, jovem, parece aspirar a grandes vôos, mas as precárias condições de seu meio frustram seus sonhos, fazendo-o simples marceneiro e carpinteiro.
A poesia torna-se, então, válvula de escape para sua inteligência e extraordinária imaginação. Começa a escrever folhetos no início dos anos 1920, versejando numa língua perfeita, com precisão da métrica e da rima que o distingue da maioria dos poetas populares.
Ao mesmo tempo, faz-se cantador, compensando seu pouco talento para improvisar com uma astúcia: decora romances que ele mesmo compõe, criando tramas ou adaptando-as das histórias que correm de boca em boca.
Pavão misterioso
No fim dos anos 1920, mete-se em complicações e foge para Rio Grande do Norte, onde se esconde por uns tempos. É nessa época que João Melquíades Ferreira da Silva publica na Paraíba, em seu nome, o romance Pavão misterioso, obra criada por José Camelo. Este denuncia o golpe, mas o romance continuaria a ser atribuído a João Melquíades (N.E.: até hoje se discute a verdadeira autoria desse romance).
Seja como for, a história de Pavão misterioso torna-se um dos maiores sucessos da literatura de cordel, sendo reeditada inúmeras vezes, além de inspirar peças de teatro, canção, novela de televisão e filme de animação.
Outros romances de José Camelo também têm enorme repercussão, como As grandes aventuras de Armando e Rosa conhecidos por Coco Verde e Melancia; Entre o amor e a espada; História de Joãozinho e Mariquinha; O monstro do Rio Negro e Pedrinho e Julinha, todos editados por João Martins de Ataíde, no Recife, e reeditados por José Bernardo da Silva e seus herdeiros, em Juazeiro do Norte.
No fim da vida, porém, quase octogenário, o poeta se deixa ganhar pela frustração e amargura, destruindo - segundo seus contemporâneos – umas cinquenta obras de sua autoria. Morre em Rio Tinto (PB), em 28 de outubro de 1964, passando à posteridade como um dos maiores autores da literatura de cordel brasileira.

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