quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

RIR PARA NÃO CHORAR



GALERA,

TEXTO INTERESSANTE POSTADO NO BLOG DE UM ARTISTA AMIGO MEU!

SE CLICAR EM CIMA DO TÍTULO VERÁ A POSTAGEM ORIGINAL!!
APRECIEM SEM MODERAÇÃO!!


Terça-feira, 16 de Dezembro de 2008

Rir para não chorar
É engraçado como tem coisas absurdas nesse mundo de meu Deus!Minha crise constante em ser artista, hoje percebo claramente que não é o SER. Adoro o que faço, não me iumagino outra coisa, nunca tive intimidade com a matemática, nunca fui amante de química, sempre me interessei pelas pessoas, pelo humano, mas SER artista é difícil. Esta dificuldade se dá por causa do olhar do outro em relação a você. Muitas vezes esse olhar te diminui e isso dói.

Escrevemos projetos, orçamos as despesas, trabalhamos duro para realizar o evento e chegam os gestores cortando verbas e no final, depois do trabalho concluído, não sabem dizer quando vão pagar, que a burocracia é grande e falta documentos, sendo que já foram assinados inúmeros documentos solicitados à prestação. Vamos supor que eu esteja falando da FUNCEB, vamos supor que eu estou falando mais precisamente da Diretoria de Teatro e vamos supor mais, que eu esteja falando também da PETROBRAS.
Digamos que sejam exemplos fictícios, já que ninguém acreditaria em mim, nem eu, que instituições desse porte sejam capazes de coisas assim. Uma é a Fundação Cultural de um estado e a outra estatal com tantos serviços de bem estar e contribuição social. Muita consciência!!! Nem sei porque dei esses exemplos, foram os primeiros que me vieram em mente.
Não vejo ninguém não pagar consulta médica (esses podem envenenar) ou advogados (esses colocam na cadeia) ou dentistas (deixam banguelas), os engenheiros deixam a casa cair, mas ao artista só lhe resta chorar e se indignar, esperando as migalhas de um cachê mísero para empresas ou instituições tão ricas e grandes.

Costumo trabalhar de graça, mas para quem eu quero, para projetos e pessoas que eu sei que não poderiam me recompensar financeiramente, mas compensam de formas muito mais belas. Quando eu quero doar meu trabalho para alguma causa e acertamos desde o início as condições, eu faço sem problemas, mas quando o acerto é remuneração, acredito que é, no mínimo, digno se cumprir contratos, respeitar o trabalho do outro e se pagar sem fazer o outro de palhaço. Nenhum preconceito ou valor diminutivo, eu também sou palhaço, mas é que o artista de cara pintada recebe ainda menos respeito do que os de cara limpa e conta suas piadas sem um vintém no bolso.

Hoje eu queria fazer rir, para não chorar!

domingo, 7 de dezembro de 2008

PESSOAS


Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos, imaginados pelo pintor Almada Negreiros


Lisbon Revisited-1923
Álvaro de Campos

NÃO: Não quero nada.
Já disse que não quero nada.
Não me venham com conclusões!
A única conclusão é morrer.
Não me tragam estéticas!
Não me falem em moral!
Tirem-me daqui a metafísica!
Não me apregoem sistemas completos, não me enfileirem conquistas
Das ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!) —
Das ciências, das artes, da civilização moderna!
Que mal fiz eu aos deuses todos?
Se têm a verdade, guardem-na!
Sou um técnico, mas tenho técnica só dentro da técnica.
Fora disso sou doido, com todo o direito a sê-lo.
Com todo o direito a sê-lo, ouviram?
Não me macem, por amor de Deus!
Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?
Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa?
Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade.
Assim, como sou, tenham paciência!
Vão para o diabo sem mim,
Ou deixem-me ir sozinho para o diabo!
Para que havemos de ir juntos?
Não me peguem no braço!
Não gosto que me peguem no braço. Quero ser sozinho.
Já disse que sou sozinho!
Ah, que maçada quererem que eu seja da companhia!
Ó céu azul — o mesmo da minha infância —
Eterna verdade vazia e perfeita!
Ó macio Tejo ancestral e mudo,
Pequena verdade onde o céu se reflete!
Ó mágoa revisitada, Lisboa de outrora de hoje!
Nada me dais, nada me tirais, nada sois que eu me sinta.
Deixem-me em paz! Não tardo, que eu nunca tardo...
E enquanto tarda o Abismo e o Silêncio quero estar sozinho!


Bicarbonato de Soda

Súbita, uma angústia...
Ah, que angústia, que náusea do estômago à alma!
Que amigos que tenho tido!Que vazias de tudo as cidades que tenho percorrido!
Que esterco metafísico os meus prpósitos todos!
Uma angústia,
Uma desconsolação da epiderme da alma,
Um deixar cair os braços ao sol-pôr do esforço...
Renego.
Renego tudo.
Renego mais do que tudo.
Renego a gládio e fim todos os Deuses e a negação deles.
Mas o que é que me falta, que o sinto faltar-me no estômago e na circulação do sangue?
Que atordoamento vazio me esfalfa no cérebro?
Devo tomar qualquer coisa ou suicidar-me?
Não: vou existir.
Arre! Vou existir.
E-xis-tir...
E--xis--tir ...
Meu Deus! Que budismo me esfria no sangue!
Renunciar de portas todas abertas,
Perante a paisagem todas as paisagens,
Sem esperança, em liberdade,
Sem nexo,
Acidente da inconseqüência da superfície das coisas,
Monótono mas dorminhoco,
E que brisas quando as portas e as janelas estão todas abertas!
Que verão agradável dos outros!
Dêem-me de beber, que não tenho sede!
ÁLVARO DE CAMPOS
Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
TABACARIA- Álvaro de Campos

NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO- DIA 08 DE DEZEMBRO


AYRSON HERACLITO- TALENTO CONQUISTENSE DE ORI ABENÇOADA!
















POVO MEU,
Freud, vugo Ayrson Heraclito, amigo e artista conquistense, está bonbando por ai!!
Recentemente esteve em cartaz com mais uma performance provocante em Salvador, no Mercado Cultural. Desta vez foi na parte de cima do TCA onde cabeças são evocadas e oferecidas africanamente.

Bori-Performance Art

AYRSON HERÁCLITO

Oferendas à cabeça, visto que o destino das pessoas reside, em princípio na cabeça ( Ori).
Alimentar a cabeça com comidas para os deuses é evocar proteção.
Dar comida para a cabeça é alimentar a nossa alma.

03.12 / 18 às 20h – Jardim Suspenso do Teatro Castro Alves


Recebi uma crítica bastante contudente de um dos seus trabalhos, Divisor 2, o que está na fotos acima, depois das cabeças, e compartilho com vcs.
Conquista fervilha de artistas que ganham espaço fora da cidade, pois nela todos morrem sem reconhecimento para expandir sua arte.
Parabéns nego!
Evoéh!

Vejam o blog do artista:



Vidro + água + óleo + sal = arte
Roberto Conduru

O que pensar diante de três grandes caixas de vidro, cada qual com 100 x 200 x 25 cm, contendo água, óleo e sal? É um experimento a investigar densidades, pesos e relações físico-químicas dessas substâncias? É uma peça de demonstração dessas propriedades?
A princípio, não. Foi idealizada por Ayrson Heráclito e tem como título Divisor 2. Como ele atua como artista a partir de Salvador e a obra foi apresentada na III Bienal de Artes Visuais do Mercosul, realizada em Porto Alegre, em 2001, conclui-se que não é uma experiência científica ou um dispositivo didático, mas uma proposição artística baseada na ampliação atual dos limites e meios da arte.
Como obra de arte, pretende ir além da literalidade daqueles compostos e de suas relações, explorando dimensões metafóricas. Entretanto, para pensar a o quê se refere essa obra, é necessário justo partir dos elementos que a compõem, observando como os mesmos nela interagem. Primeiro, é preciso lembrar que água e sal estão indissociáveis no mar.

Depois, deve-se notar que a substância oleaginosa empregada é o óleo de palma, que é fabricado a partir dos cocos do dendezeiro (Elaeis guineensis), uma árvore que tem múltiplos sentidos e usos nas práticas das religiões afro-descendentes no Brasil. Conhecido como azeite de dendê, ou azeite-de-cheiro e epô, esse óleo ganhou a gastronomia no Brasil, sendo usado na feitura da moqueca, do vatapá e de outros pratos da culinária largamente conhecida como baiana, apesar de também ser feita e comida em outras regiões do Brasil e da América. Por fim, é imprescindível não esquecer os grandiosos aquários: cristalinos continentes de mar coberto por azeite de dendê.
Vale ainda citar uma chave de leitura incluída pelo artista em um catálogo referente ao seu trabalho, o poema “O Divisor”, de Myra Albuquerque:

“É oceânica a solidão negra / Em dias atlânticos sabemos ser nosso o / que está distante, / submerso em travessias absurdas, / em náuseas intermináveis. // Foi Atlântico o medo do mar, / a adivinhação da tempestade, a expectativa da rotina. // Foi Atlântica a dissimulação de Esperança: ‘sou vítima do terrível crime / da escravidão’. / Disse ser ela Esperança da Boaventura, / como os Aleluia, os Bomfim, os da / Cruz, os do Espírito Santo. // Mergulhamos num flagelo Atlântico. / Desde então, estamos todos assentados / no fundo do oceano.”

É óbvio, portanto, que Divisor 2 se refere ao oceano Atlântico.
Contudo, essa obra nos ajuda a ver que um oceano, mais do que uma parte da geografia física da Terra, é um domínio de espaço e tempo que deve ser pensado por outra geografia: cultural, histórica, antropológica.
Assim, devemos conectar a obra aos processos sociais estabelecidos por meio do Atlântico a partir da transposição forçada de africanos para serem escravizados na América, do século XVI ao XIX, bem como dos intercâmbios entre esses continentes, que persistem até hoje, e a conseqüente constituição da problemática cultural afro-americana.
Mas o que nos diz o artista pelo modo como articula os elementos na obra? Água, azeite e sal estão justapostos, deliberadamente reunidos em um mesmo recipiente, mas permanecem estanques, separados em camadas, devido a suas particularidades físico-químicas; em suma: em processo de interação conflituosa. O que remete à impossibilidade de pensar o oceano Atlântico sem levar em conta os impasses da diáspora e de suas conseqüências, o mar sem o sangue nele e a partir dele derramado. Transparentes e racionalmente geométricas, as caixas falam de mais do que dão a ver: simbolizam conexões e disjunções de pessoas, grupos sociais, religiões e culturas entre África e Brasil; tempos passados, presentes e futuros; práticas e realizações complexas, densas, turvas, ainda que também instigantes e, muitas vezes, como nessa obra, belas.

LEGENDA(S) DA(S) FOTO(S)
• Obra: Ayrson Heráclito, Divisor 2, 2001. Objeto, vidro, água, azeite de dendê e sal, 300 x 200 x 25 cm.
REFERÊNCIAS
– HERÁCLITO, Ayrson. Espaços e Ações. Salvador: O Autor, 2003.

sobre o(a) autor(a):
Roberto Conduru é historiador da arte, professor no ProPEd e no PPGARTES na UERJ, pesquisador com bolsas Prociência FAPERJ/UERJ e de produtividade do CNPq.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

CAPACITAÇÃO DE GRUPOS TEATRAIS EM SÁTIRO DIAS!!!

























CAPACITAÇÃO DE GRUPOS TEATRAIS NO INTERIOR EM
SÁTIRO DIAS!
Gente, mais uma Capacitação para Grupos de Teatro do interior baino promovida pela FUNCEB, entre os dias 28 e 30 de novembro de 2008.
Desta vez, fomos para a cidade de Sátiro Dias e nos jogamos literalmente no mundo do teatro.
Muita energia e força do participantes de várias cidades como Santa Luz e Irará, além dos grupos de Sátiro Dias.
Foi extremamente proveitoso mais este encontro, mostrando a possibilidade e a força do teatro de grupo no interior.
Mais tarde publico o relatório e textos da galera!
Saudades!
mb










quarta-feira, 26 de novembro de 2008

VERSOS ÍNTIMOS




Vês?!

Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão — esta pantera —

Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!

O Homem, que, nesta terra miserável,

Mora, entre feras, sente inevitável

Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo.

Acende teu cigarro!

O beijo, amigo, é a véspera do escarro,

A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,

Apedreja essa mão vil que te afaga,

Escarra nessa boca que te beija!

(Augusto dos Anjos)

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

CHAPLIN




Já perdoei erros quase imperdoáveis,
tentei substituir pessoas insubstituíveis e esquecer pessoas inesquecíveis.
Já fiz coisas por impulso,
já me decepcionei com pessoas quando nunca pensei me decepcionar,
mas também decepcionei alguém.
Já abracei pra proteger,já dei risada quando não podia,
fiz amigos eternos,
amei e fui amado,
mas também já fui rejeitado,
fui amado e não amei.
Já gritei e pulei de tanta felicidade,
já vivi de amor e fiz juras eternas,"quebrei a cara muitas vezes"!
Já chorei ouvindo música e vendo fotos,
já liguei só para escutar uma voz,me apaixonei por um sorriso,
já pensei que fosse morrer de tanta saudade e tive medo de perder alguém especial (e acabei perdendo).
Viva!
Bom mesmo é ir à luta com determinação,
abraçar a vida com paixão,
perder com classe e vencer com ousadia,
porque o mundo pertence a quem se atreve e a vida é "muito" pra ser insignificante.

CHARLES CHAPLIN

sábado, 22 de novembro de 2008

Coligado!!!


1.
Aleluia. Louvai ao Senhor, porque ele é bom; porque eterna é a sua misericórdia.
2.
Diga a casa de Israel: Eterna é sua misericórdia.
3.
Proclame a casa de Aarão: Eterna é sua misericórdia.
4.
E vós, que temeis o Senhor, repeti: Eterna é sua misericórdia.
5.
Na tribulação invoquei o Senhor; ouviu-me o Senhor e me livrou.
6.
Comigo está o Senhor, nada temo; que mal me poderia ainda fazer um homem?
7.
Comigo está o Senhor, meu amparo; verei logo a ruína dos meus inimigos.
8.
Mais vale procurar refúgio no Senhor do que confiar no homem.
9.
Mais vale procurar refúgio no Senhor do que confiar nos grandes da terra.
10.
Ainda que me cercassem todas as nações pagãs, eu as esmagaria em nome do Senhor.
11.
Ainda que me assediassem de todos os lados, eu as esmagaria em nome do Senhor.
12.
Ainda que me envolvessem como um enxame de abelhas, como um braseiro de espinhos, eu as esmagaria em nome do Senhor.
13.
Forçaram-me violentamente para eu cair, mas o Senhor veio em meu auxílio.
14.
O Senhor é minha força, minha coragem; ele é meu Salvador.
15.
Brados de alegria e de vitória ressoam nas tendas dos justos:
16.
a destra do Senhor fez prodígios, levantou-me a destra do Senhor; fez maravilhas a destra do Senhor.
17.
Não hei de morrer; viverei para narrar as obras do Senhor.
18.
O Senhor castigou-me duramente, mas poupou-me à morte.
19.
Abri-me as portas santas, a fim de que eu entre para agradecer ao Senhor.
20.
Esta é a porta do Senhor: só os justos por ela podem passar.
21.
Graças vos dou porque me ouvistes, e vos fizestes meu Salvador.
22.
A pedra rejeitada pelos arquitetos tornou-se a pedra angular.
23.
Isto foi obra do Senhor, é um prodígio aos nossos olhos.
24.
Este é o dia que o Senhor fez: seja para nós dia de alegria e de felicidade.
25.
Senhor, dai-nos a salvação; dai-nos a prosperidade, ó Senhor!
26.
Bendito seja o que vem em nome do Senhor! Da casa do Senhor nós vos bendizemos.
27.
O Senhor é nosso Deus, ele fez brilhar sobre nós a sua luz. Organizai uma festa com profusão de coroas. E cheguem até os ângulos do altar.
28.
Sois o meu Deus, venho agradecer-vos. Venho glorificar-vos, sois o meu Deus.
29.
Dai graças ao Senhor porque ele é bom, eterna é sua misericórdia.

AMÉM!!!
SALMO 117

Poeminha triste




EU ESCREVI UM POEMA TRISTE

Eu escrevi um poema triste
E belo, apenas da sua tristeza.
Não vem de ti essa tristeza
Mas das mudanças do Tempo,
Que ora nos traz esperanças
Ora nos dá incerteza...
Nem importa, ao velho Tempo,
Que sejas fiel ou infiel...
Eu fico, junto à correnteza,
Olhando as horas tão breves...
E das cartas que me escreves
Faço barcos de papel!

Mario Quintana - A Cor do Invisível

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

GIPE-CIT canta Padilla - Apresentação pública de Etnocenologia- DISCIPLINA DO MESTRADO-PPGAC-UFBA.2008.2





PESSOAL,

ESTAREI ME APRESENTANDO NA CONCLUSÃO DA DISCIPLINA DE ALUNO ESPECIAL DO MESTRADO DO PPGAC-UFBA, EM SALVADOR, COORDENADO PELO PROFESSOR ARMINDO BIÃO.

TÁ LINDO O TRABALHO! CANTAMOS EM FRANCÊS, ESPANHOL, PORTUGUÊS... ALÉM DO IMPERDÍVEL CORDEL: O ENCONTRO DE LAMPIÃO COM A NEGRA DUM PEITO SÓ!

SEGUE ABAIXO AS INFORMAÇÕES!

AGUARDO VOCÊS LÁ!!
MB

O Ciclo de Encontros do GIPE-CIT de 2008 se encerra no dia 26, no Instituto Cervantes (Ladeira da Barra, bem próximo da Aliança Francesa), a partir das 20h, com a primeira leitura – cantada e dramatizada - pública do texto teatral GIPE-CIT canta Padilla
Com duração aproximada de 60 minutos, o trabalho de etnocenologia tem roteiro e dramaturgia de Armindo Bião, com a colaboração de pesquisadores do GIPE-CIT e de alunos regulares e especiais do PPGAC: Carmen Paternostro, Cristiano de Araújo Fontes, Daiseane Andrade, Étoile Santos da Silva, Inès Perez Wilke, João Carlos Chaves da Silva, Manuel Zergarra Guerrero, Maria Lúcia Pereira, Marcelo Benigno Amorim, Marconi de Oliveira Araponga, Osvaldice de Jesus Conceição, Rafael Rolim Farias e Sonia Costa Amorim.

A preparação para o canto foi do professor Marcelo Jardim. A apresentação do GIPE-CIT canta Padilla será seguida de breve mostra de imagens relativas ao tema do trabalho e de conversação com os presentes interessados.

DIVULGUEM este evento de encerramento do Ciclo de Encontros do Grupo Interdisciplinar de Pesquisa e Extensão em Contemporaneidade, Imaginário e Teatralidade.

O ATOR


O Ator


Por mais que as cruentas e inglórias batalhas do cotidiano tornem um homem duro ou cínico o suficiente para ele permanecer indiferente às desgraças ou alegrias coletivas, sempre haverá no seu coração, por minúsculo que seja, um recanto suave onde ele guarda ecos dos sons de algum momento de amor que viveu na sua vida.Bendito seja quem souber dirigir-se a esse homem que se deixou endurecer, de forma a atingi-lo no pequeno núcleo macio de sua sensibilidade e por aí despertá-lo, tirá-lo da apatia, essa grotesca forma de autodestruição a que por desencanto ou medo se sujeita, e inquietá-lo e comovê-lo para as lutas comuns da libertação.

Os atores têm esse dom. Eles têm o talento de atingir as pessoas nos pontos onde não existem defesas.
Os atores, eles, e não os diretores e autores, têm esse dom. Por isso o artista do teatro é o ator.

Mas o ator tem que se conscientizar de que é um Cristo da humanidade e que seu talento é muito mais uma condenação do que uma dádiva,O ator tem que saber que, para ser um ator de verdade, vai ter que fazer mil e uma renúncias, mil e um sacrifícios. É preciso que o ator tenha muita coragem, muita humildade e, sobretudo um transbordamento e amor fraterno para abdicar da própria personalidade em favor da personalidade de suas personagens, com a única finalidade de fazer a sociedade entender que o ser humano não tem instintos e sensibilidades padronizados, como os hipócritas com seus códigos de ética pretendem.
Eu amo os atores nas suas alucinantes variações de humor, nas crises de euforia ou depressão. Amo o ator no desespero de sua insegurança, quando ele, como viajor solitário, sem a bússola da fé ou da ideologia, é obrigado a vagar pelos labirintos de sua mente, procurando no seu mais secreto íntimo, afinidades com as distorções de caráter que seu personagem tem.
E amo muito mais o ator quando, depois de tantos martírios, surge no palco com segurança, emprestando seu corpo, sua voz, sua alma, sua sensibilidade para expor sem nenhuma reserva toda a sensibilidade do ser humano reprimido, violentado.

Eu amo o ator que se empresta inteiro para expor para a platéia os aleijões da alma humana, com a única finalidade de que seu público se compreenda, se fortaleça e caminhe no rumo de um mundo melhor que tem que ser construído pela harmonia e pelo amor. Eu amo os atores que sabem que a única recompensa que podem ter - não é o dinheiro, não são os aplausos - é a esperança de poder rir de todos os risos e chorar todos os prantos. Eu amo os atores que sabem que no palco cada palavra e cada gesto são efêmeros e que nada registra nem documenta sua grandeza.

Amo os atores e por eles amo o teatro e sei que é por eles que o teatro é eterno e que jamais será superado por qualquer arte que tenha que se valer da técnica mecânica.

Plínio Marcos
PS: DIGA QUE NÃO É MARAVILHOSOS ESTE TEXTO?!
SÓ VC PLÍNIO.
SAUDADES!
SAUDADES DE 1997, 1998, SP E RIO NÓS NO "ASSASSINATO DO ANÃO DO CARALHO GRANDE..." DOIS PREMIOS MAMBEMBES E MUITO MAIS EM FESTIVAIS PELO BRASIL
E EU TAVA LÁ!

domingo, 9 de novembro de 2008

ESPETÁCULO DE FORMATURA: Os Cinquentões da Escola de Teatro e Nelson Rodrigues





De cinta liga e salto alto!
Atire a primeira pedra quem não gozou com os Cinquentões!
Espetáculo de Formatura da Escola de Teatro, baseado nos contos de Nelson Rodrigues, surpreende pela qualidade e profissionalismo.


Assisti hoje ao espetáculo de Formatura dos Cinquentões, grupo de alunos do curso Interpretação, da Escola de Teatro da Ufba. O autor escolhido foi o nosso Nelson Rodrigues, em adaptações de alguns de seus contos feitas pelas mãos sábias da dramaturga e professora Cleise Mendes e por Fernando Santana, aluno formando desta turma.
Logo na primeira impressão notamos uma produção muito bem cuidada, desde o material de divulgação, às camisas e programas do espetáculo.
É de se admirar a qualidade de todo o conjunto da obra para um resultado de espetáculo produzido como final de curso na Escola. Falo isso porque muitos ainda acham que não se precisa ter um rigor com o resultado de final de curso ou disciplina, como se na vida empenhássemos só 50, 40 ou 20% da nossa força, garra e trabalho.
Talvez seja esta uma das poucas qualidades do Módulo ao qual a Escola aderiu.
Ver o resultado daqueles sátiros e bacantes em cena, com tanta qualidade e força, faz qualquer aluno da Escola, ou melhor, ex - aluno, (enfim me formei!) feliz, ou com vontade de entrar em cena e se jogar numa volúpia rodrigueana.
Marfuz acerta mais uma vez, com uma direção que privilegia o que cada ator traz de melhor. Muitos atores se assustam com este diretor-professor pela doçura que trata sua trupe. Estamos mais acostumados com o estereótipo do diretor “cavalo” e mal humorado, que desconta tudo no seu elenco...
Neste desafio de transformar um autor marginalizado em comercial e acessível, o recurso do melodrama caiu como uma luva! As músicas “bregas” e a trilha musical foram um atrativo à parte, salve, salve Luciano Baia, dando ambientação as cenas e identificação ao público, que não se conteve em acompanhar algumas das músicas e aplaudir, várias vezes em cena aberta, a atuação do elenco.
É lindo ver em cena atores cantando e dançando, longe de um realismo patético, com marcações mais televisivas que teatrais, com pausas longas, compenetradas ou exageradas que ainda sobrevoa a Escola de Teatro.
A coreografia de Marilza Oliveira trouxe brilho à encenação, não só quando ela é perceptível como no dançar na cena Veneno, onde Liliana Matos, em ótima performance, flutua com o coro em suavidade, como também nas ações cotidianas marcadinhas, em ações e trocas precisas de adereços e figurinos.
Este universo teatral acaba revelando as aptidões dos atores, que ora dançam, ora cantam afinados, com o sorriso interno e a cara de diva de Marcelo Jardim, ou que se exibem com uma luz quase cinematográfica de Fernanda Paquelet; aos figurinos funcionais e quase típicos de Miguel Carvalho, (as roupas da festa de casamento estão um mimo); os saltos altos e cintas-liga bem cuidados e fundamentais; a maquiagem sempre ótima de Beto Laplane, e os cabelos de Deo Carvalho. A equipe toda é enorme e de primeira linha, e faz jus ao resultado conferido, um luxo necessário, que na realidade é difícil e caro de se achar nas produções baianas.
O Cenário é extremamente funcional, amplo, e o maguenta impera no nosso sangue, com requintes e detalhes como as penteadeiras e seus abajures atrás da cena, as cortinas que dançam a cada momento nas suas transparências e tons rubros, às marcações só com as mesas que se transmutam em várias posições como o Kamasutra, enchendo a imaginação de qualquer mortal mais criativo, ao fio luminoso que demarca o palco, aceso em momentos estratégicos, que nos convidam para um cortezano tinto ou um vermute, nesse bar rodrigueano que todos se mostram.
Haja tabela de Pavis para analisar este espetáculo!
Marfuz foi dosado nas cenas mais picantes, trazendo verossimilhança à cena sem agredir, raro em espetáculos que tocam na sensualidade ou que falam de Nelson.
O único nu é na cena-conto: Noiva da Morte, onde o ator Fernando Santana (Alipinho), despe-se totalmente de costas. A cena teria ganhado mais poesia se fosse feita antes de uma cena tão alegre, pois a magia deste momento foi cortada pelos risos de alguns, na platéia, com a nudez do ator.
Outro ganho da montagem é o trabalho de ator, pois num grupo de 19 atores, com 5 homens e 14 mulheres, elas roubaram mesmo a cena, embora a unidade do elenco é impressionante para um grupo tão distinto.
Não posso deixar de falar das duas conquistenses em cena, Danielle Rosa e Milena Flick, respectivamente representando a mulher mais rodrigueana que conheço e a menina doce que cresce. Ambas estão exuberantes em cena, representando dignamente o artista do interior e o trabalho de grupos de teatro efetivos, além dos impagáveis e timbrados Caliban e Joedson Silva, que arrancaram aplausos (ta vendo, mais aplausos!) em cena aberta, com suas criações.
Acho que tanta qualidade se vê pela dedicação do elenco em ensaios diários e longos, que puderam questionar alguns. Tal disciplina teatral mostra a estudantes de teatro a realidade da profissão. Ora, este estudante não será formado para o mercado de trabalho?! Na Vida como ela é do teatro real, os atores e as montagens profissionais, ou os poucos grupos de teatro, ainda existentes na capital, ensaiam várias vezes, com horários os mais variados e complicados possíveis, fazem produção, figurino, maquiagem, trabalham fora, dão aulas, correm atrás de editais, apoios, público, cachê...
Devemos “formar” este aluno para a realidade que ele enfrentará. Nesse meio artístico e profissional não dá para brincar de ser ator ou artista! Ou sofre agora e percebe que o pau é mais embaixo, ou muda de profissão! E para os mais sonhadores, TV não é teatro!
É estimulante ver jovens tão talentosos, que espero encontrar lutando pelo teatro e mercado baianos, criando ou ingressando em grupos efetivos de teatro, e finalmente, brigando por uma Escola de Teatro mais plural, com espaço para todas as linguagens teatrais.
E um conselho do colega aqui, se joguem nesta produção e entrem e cartaz logo, pelo amor de Dionísio, pois Salvador urge de espetáculos com esse refinamento e qualidade!
Não deixe Nelson morrer nas paredes da academia, traga-o para o meio do povo, da platéia, que se identifica tanto com ele, que aplaudiu a todos vocês, calorosamente, neste dia!
Como Arandir só me resta pedir de cada um, um beijo demorado, pois como a arte reflete o nosso espelho, pude me ver em cada um em cena, e me vi feliz, por ver atores tão empenhados num fazer teatral tão contagiante quanto esse!
Ah, e aproveitem Marfuz, pois em época de besteirol e moda da cultura popular, este encenador ainda conserva a maturidade dos mestres que sabem falar e fazer o que deve, com o tom certo, e não é metido a besta como um monte de artista baiano por ai!

Evoé e merda a todos!
Longa Vida aos Cinquentões!
Viva Nelson Rodrigues, o teatro brasileiro, nordestino, baiano, da capital e do interior!

Salvador 08 de novembro de 2008.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Poesia e Intensidade de Cleiton, de Euclides da Cunha, na oficina de Teatro.



Carissímos!

Recebi o texto abaixo de um dos participantes da Oficina de Teatro realizada em Euclides da Cunha, o intenso e poético, Cleiton Silva.

O texto traduz a sua intensidade, sendo também, prova de sensibilidade, recepção e talento de um artista interiorano em ebulição, confirmando mais uma vez que a arte não está só na capital, mas aflorada e aflorando por cada canto do estado, sobretudo, no interior!

Bravíssimo!

Por você, Cleiton e por tantos outros, é que vale a pena quer na arte, na arte feita no interior!

Lindo!

Compartilho agora com vocês o texto e orgulho de ser do interior e participado deste momento com eles!



Odisséia teatrante movimenta o Sertão

Por Cleilton Silva*

As velhas cantigas de roda foram rememoradas, os tantos cangaços e bichos fincados nos cercos dos sertões principiaram a cantar e a festejar em uníssono o cordel de rimas e cores, ora cantando a saga de estrangeiros, ora entoando as estórias da sua própria terra.
Eram muitos ali, no edifício do Banco do Brasil, no centro da cidade.
Eram uns tantos que em movimento incorporavam a sutileza das prostitutas ou a voracidade dos coronéis, a beleza de índios, pretos, mulatos, mulheres, travestis, homens, cavalos, pavões, exus e madames.
O Teatro popular cheio de cores e cheiros. Vivo. Seguido pelos ritmos da roda de atuadores, que aos poucos improvisavam relinchos e falas.

Tanto movimento e hibridismo foram resultados da Oficina de Capacitação para Grupos de Teatro do Interior, realizada entre os dias 23 e 26 de outubro de 2008, pela Fundação Cultural da Bahia.
A odisséia era comandada pelo sotero-sertanejo-conquistense Marcelo Benigno, em Euclides da Cunha, pequena cidade localizada a 350 quilômetros da Capital e, que mesmo sem possuir um centro, um teatro municipal ou casa de cultura, abarca vivos segmentos artísticos e, corroborando as estatísticas sobre a cultura da Bahia que colocam o Teatro como segunda maior demanda dos territórios baianos, ali também o maior dos movimentos, nesta cidade, é o Teatro. O teatro vindo das igrejas ou dos pequenos bairros populares. Das ruas ou das caixas. Do cordel ou dos filmes, da antropofagia ou do cristianismo. Mítico e hierático, burlesco e multifacetário, o Teatro popular advindo do Semi-árido pôde manifestar suas forças quando, para os dias de Oficina, teve que unificar os grupos para entender o trabalho colaborativo como fez o Teatro da Vertigem e refazer as suas ações em prol da Arte.

Ali aprendemos (ou reaprendemos) sobre a função do atuador no grupo. Melhor dizendo, aprendemos sobre a não-função do atuador, pois longe das convenções de ser apenas “o receptor” ele é vivo e deve manter relações outras com aquilo que faz, deve manter-se “conectado” com o seu diretor e, seguindo o seu nome de pia, deve atuar, pensar, movimentar-se e não apenas esperar um papel que lhe é dado (que, aliás, num sentido amplo, para os que fazem o teatro, o texto não pode ser um cabresto que condiciona o atuador, mas um elemento a mais que deve ser incorporado ao trabalho artístico) e, apesar dos ritualismos e sacralizações/profanações do Teatro, é necessário que tudo esteja aliado à pesquisa, ao estudo exaustivo que será a várzea da criatividade e sapiência do atuador “amador”.

Uma colcha de retalhos: Alma de Aprendiz, Farinha Seca, Foco, Farrapos, Filhos do Sol, Oxente... Estávamos todos em uno - plural. Cada grupo manteve a sua identidade, até que Baco foi evocado para a roda e tudo se dispersou, e aquilo que se dividia em trupes tornou-se um só objeto, mais amplo e dinâmico. E a permanência das técnicas, cantigas e laboratórios que a nós nos foram dadas por Marcelo Benigno serão o guia para o labor diário no Teatro, pois os que estiveram na tal odisséia continuarão carnavalizando a seca, o sol, a chuva e o seu povo.

* Cleiton Silva é ator, membro do Grupo Farinha Seca em Euclides da Cunha, participou da Oficina de Capacitação para Grupos de Teatro no Interior, promovida pela Funceb, em Euclides da Cunha, no final de outubro de 2008.
* A foto acima é de Cleiton, em exercício cênico, durante a Oficina.

terça-feira, 4 de novembro de 2008