Vamos vadiar,
professor?!
Jogos Teatrais e
Ludicidade para Educadores-
Uma experiência necessária no Sertão da Ressaca[i]
Conquistense
Por
Marcelo Benigno
“É
possível negar, se se quiser, quase todas as abstrações: a justiça, a beleza, a
verdade, o bem, Deus. É possível negar-se a seriedade, mas não o jogo. “
Johan Huizinga - Homo ludens
Foi
realizada no mês de setembro, durante as Atividades Curriculares dos
Professores da Secretaria Municipal de Educação - SMED - de Vitória da
Conquista, a Oficina de
Jogos Teatrais e Ludicidade para Educadores dos Núcleos de Alfabetização-
Segmento do 1º ao 3º ano e Escolas Nucleadas; Núcleo da Diversidade-
Professores do EJA; Núcleo Educomunicação- Professores das Salas de Leitura.
Desde
que assumi a Coordenação Pedagógica, no Núcleo Educomunicação, junto com
Cristina Leilane, na SMED, senti a necessidade de retomar as práticas lúdicas e
artísticas nas formações de professores, o que tenho feito a muito, no decorrer
da minha trajetória profissional. Atendendo uma demanda grande e, sobretudo,
urgente para a Secretaria de Educação e do Núcleo de Alfabetização, que
trabalha com crianças em plena fase de desenvolvimento e de jogo, esbocei a oficina
e mãos à obra!
Participaram
ao todo, 550 professores, sendo que 460 destes eram do Núcleo de Alfabetização
de escolas da zona urbana e rural do município. A organização da oficina foi feita da seguinte
forma:
Primeiro Momento- Metodologia para
que?! A Coordenação do Núcleo de Alfabetização abria o
encontro falando sobre Metodologia, (cada Ac é escolhido um tema para a
reflexão junto aos educadores) e logo após, o espaço era destinado a oficina. A
mesma dinâmica se repetia a tarde, mas com grupos diferentes de professores, num
período de duas semanas. A sala foi paramentada para receber os
educadores e compartilhar e estimular um olhar lúdico e possível em sala de
aula.
O que mais caracteriza
a ludicidade é a experiência de plenitude que ela possibilita a quem a vivencia
em seus atos. (LUCKESI)
Segundo Momento- Onde, Quem, O Quê!!
Através de slides retomei o conceito de ludicidade, jogo e brincadeira evocando
Luckesi e toda a cultura popular para me acudir na busca por uma ludicidade
plena e participativa para todos. Piaget e Vygotsky também entraram na roda
mostrando que o jogo é fundamental no desenvolvimento do ser humano, e que nós,
educadores podemos agir na ZDP- zona de desenvolvimento proximal- para
estimular uma aprendizagem lúdica, plena e prazerosa.
Peter Slade também se fez
presente, falando do Jogo Dramático Infantil, brincando de faz de conta como
criança, em todas as possibilidades desse jogo projetado ou pessoal, enquanto
eu, assumia algumas personas para resignificar o meu jogo/aula/ encenação/
oficina. A cada citação, exemplos práticos, através de depoimentos dos próprios
educadores e de pequenos vídeos, eram exibidos para ilustrar tais assertivas,
causando admiração do público, como por exemplo, o vídeo de um grupo de cabras brincando
de pular numa placa de zinco, num campo verde ou a menininha coreografa e
dançarina num jogo de habilidade e plenitude em sua dança seguida
por dois adultos.
O jogo dramático é uma
parte vital da vida jovem. Não é uma atividade de ócio, mas antes a maneira da
criança pensar, comprovar, relaxar, trabalhar, lembrar, ousar, experimentar,
criar e absorver. O jogo é na verdade a
vida. (grifo meu). A
melhor brincadeira teatral infantil só tem lugar onde oportunidade e
encorajamento lhe são conscientemente oferecidos por uma mente adulta. Isto é
um processo de “nutrição” e não é o mesmo que interferência. É preciso
construir a confiança por meio da amizade e criar a atmosfera propícia por meio
de consideração e empatia. (PETER SLADE)
A
ludicidade é uma área muito grande a ser trabalhada, sobretudo é área de
pesquisa e estudos em várias universidades, a saber, a UFBA com o GEPEL - Grupo
de Estudos e Pesquisas em Educação e Ludicidade ligado ao Programa de
Pós-Graduação em Educação, da Faced, o qual tive a alegria de participar e
brincar. É engraçado achar que o brincar é só uma distração ou que o artista ou
professor brincante é uma mera cigarra cantante enquanto a formiga é a
trabalhadeira e previdente da fábula.
Após
esta abordagem teórica necessária de contextualização, ora solfejadas por
cantigas de roda, textos dramáticos ou brincadeiras populares, vem a parte dos
jogos teatrais.
Os
jogos teatrais foram sistematizados inicialmente pela educadora americana Viola
Spolin e se tornaram uma metodologia eficaz para o trabalho de atores e não
atores em vários espaços, públicos e segmentos, inclusive na sala de aula.
Viola Spolin |
Livro de Olga Reverbel com Jogos Teatrais na escola. |
Augusto Boal em ação no seu Teatro do Oprimido em São Paulo, 1979. |
Os
Jogos teatrais chegam ao Brasil, nas obras de Viola Spolin, pelas mãos da escritora, tradutora e professora da
ECA- USP, Ingrid Koudela,
tradutora da obra de Spolin e também, estudiosa na área da didática do teatro e
do jogo. Outros ecos brasileiros com as propostas de Olga Reverbel e Augusto Boal,
no seu intrigante Teatro do Oprimido, só para citar dois exemplos que
gosto muito, e que serão esmiuçados nas próximas etapas desta oficina, são referência
no estudo e sistematização do jogo. Outros autores também foram citados e suas
obras levadas para a sala de aula no nosso altar da ludicidade, que pode ser
conferido, na bibliografia, ao final deste relato.
Terceiro Momento- Bora Vadiar?! Prática,
prática e prática!!Obá!!! Após esta estimulação inicial fomos
para a prática, mostrando exemplos com crianças, adolescentes e adultos em
estado de jogo em várias situações. Afinal, se a ludicidade é a vivencia da
plenitude nas atividades que participamos, vamos nos permitir passar por esta
experiência, então?!
O primeiro passo para
jogar é sentir liberdade pessoal. Antes e durante o jogo, devemos estar livres.
É necessário ser parte do mundo que nos circunda e torná-lo real tocando,
vendo, sentindo o seu sabor, e o seu aroma [...]. A liberdade pessoal [...]
leva-nos a experimentar e adquirir autoconsciência (autoidentidade) e
autoexpressão. (VIOLA SPOLIN)
Sendo
filho do teatro, da cultura popular e da criação artística fico inebriado e
estimulado com o poder do jogo, da arte e de todos os seus desdobramentos. Em
2010 ministrei na UFBA, como professor Substituto da Escola de Teatro, a disciplina
Jogos e Improvisação Teatral para uma
turma do BI- Bacharelado Interdisciplinar em Artes, culminando com a montagem
resultante do jogo cênico intitulado: Alitrix.
Foi uma experiência prazerosa e trabalhosa, com um grupo de estudantes/jogadores
ativos e criativos, com uma carga horaria extensa de atividades teóricas e práticas.
Até hoje quando encontro Ágata Matos nas ruas do centro de Sampa indo
apresentar o musical O Rei Leão; ou Romeran
Ribeiro, Marcus Lobo, Marco Kipman, Jessica Andrade, Mirela Gonzalez e Salete Saraiva
se jogando em produções, espetáculos e experimentações teatrais na capital
baiana, recordamos com alegria esses encontros, jogos, improvisação e cenas surgidos
neste processo e os laços que ficaram fora dos papéis definidos naquela
ocasião. Afinal, qual o papel do professor em sala de aula?! E do aluno?! Hierarquia
na sala de aula/ensaio/arte em pleno século XXI?!
Diário de Bordo- 06/10/2010- BI-
ARTES- UFBA
Muito Gato
Começou a aula com uma novidade, a sequência
do gato (miauh!!) seria repetida 5 vezes e não mais 3 como vinha sendo (sofrimento).
Mas eu completei o exercício. Na aula anterior Benigno tinha pedido que trouxéssemos
sugestões para por na caixinha... Saiu cada coisa, meu Deus! Santa criatividade
desse povo, algumas rodadas foram interessantes, as vezes era fácil a galera
acertar por que as frases eram deles/nossas. A ideia é melhorar a cada dia.
Benigno sugeriu um jogo de improvisação com um objeto (meia). Fiz a primeira
dupla com Ágata e foi pra mim a melhor cena que eu fiz nesse dia. É preciso
pensar rápido, imaginar uma situação que além de gostosa de fazer, que cole com
o objeto, e o colega concorde com a ideia. Discutimos sobre a aula, como sempre
fazemos, tentamos ver o que foi difícil e fácil de fazer.
Obs: SE JOGA!
Marcus Lobo
Diário de Bordo- 06/10/2010- BI-
ARTES-UFBA
Improvisação com frases- Caixinhas
Fizemos várias interpretações.
Peguei a tira e pus na cabeça como se fosse meu cabelo, e eu, a imagem de uma
santa, mãos póstumas, rezando. Quando Jéssica pega no meu “cabelo”, segundo ela
revelou mais tarde, como se admirasse e ao mesmo tempo sentisse inveja. Eu já
recebi de outro jeito. A mulher “santa” se sente atraída pela linda jovem que
lhe acaricia o cabelo. Um bom exercício da criatividade. A tira de pano virou tantas
coisas diferentes! Cada um jogou um significado diferente.
Caixinhas: Onde? Oque? Quem?
Difícil. Demostrar com a expressão do
corpo, deixar passar a intenção, o que vai na mente sem falar, ou falar muito
pouco. Gostei de fazer uma improvisação com Marcus; aquela do intestino do
porco e o presidente do EE.UU. (EUA). Ah, também gostei de fazer o gato e o
cachorro brigando por um lugar, esta fiz com Marco. Percebo que fazer de conta
que somos coisas ou animais é mais fácil de “entrar e ficar” no jogo.
Salete Saraiva
No
ano passado, trabalhei em São Paulo como artista/educador do Ateliê de Teatro
da Fábrica de Cultura[ii]-
Unidade Jaçanã, com crianças e adolescentes, num semestre inteiro, usando o
jogo como estimulador das abordagens educacionais, artísticas e teatrais. Foi
mágico e potente usar jogo, não só como estética ou ferramenta, mas como
prática metodológica pulsante a todo instante, em todo o processo educativo das
oficinas, até a culminância com a apresentação dos jogos/cenas/vivencias para o
público, no encerramento do semestre, no TREM DA FÁBRICA.
Nos
dois contextos e na Oficina para educadores, o jogo se mostrou potente para a sensibilização
do corpo, estimulo da criatividade e ativação desse estado de jogo tão
necessário para exploramos uma presença ou fisicalidade indispensáveis a
criação, ao conhecimento pessoal e grupal, a descoberta de princípios tão
simples e primordiais no processo ensino-aprendizagem para a vida!
Link de um dos momentos da Oficina como os Professores da EJA feito por Joventino;
A Conquista do Jogo-
Nos jogos para professores numa sala de aula, o jogo também foi pulsante e contagiou
os jogadores e a plateia. Cada turma realizou uma série de jogos
que poderão e deverão ser realizados em suas abordagens didáticas e criativas
em sala de aula, com uma clientela mais variada possível.
Os jogos teatrais podem
trazer o frescor e vitalidade para a sala de aula. As oficinas de jogos
teatrais não são designadas como passatempo do currículo, mas sim como
complementos para aprendizagem escolar, ampliando a consciência de problemas e
ideias fundamentais para o desenvolvimento intelectual dos alunos. (VIOLA
SPOLIN)
No
jogo todo somos iguais, assim como numa roda popular brincante. No jogo
religamos de forma intensa e prazerosa, o que na teoria muito não se faz ou não
consegue fazer. Como eu diria para os PHdeuses em suas academias, áreas e
pesquisas: - Venha cá, professora
doutora, faça uma atividade lúdica prática conosco e com uma turma nossa de
alunos! E a professora doutora lúdica para escapar da prática que lhe falta e
que não possui, volta a mais uma citação decorada e/ou equivocada abordando
qualquer autor sobre o construtivismo ou a arte no resgate da autoestima do
educando... afinal, nem tudo que é dito lúdico para um, é lúdico para outro!
Salve, salve Luckesi!
O que ficou desta experiência em
nós? Nesses dias todos de oficina, com tantos educadores participantes poderia destacar muitas coisas,
mas o que mais chamou a atenção foi
a forma como estes educadores aceitaram o desafio e a proposta para jogar. Foi
quase unanime a vontade de vivenciar, na pratica, o que o jogo pode causar em
cada um! Que delicia verem eles na blablação
ou no jogo das caixinhas se
deleitando como crianças.
É claro que em alguns casos, por todos os
preconceitos com a arte, com as ACs, com o incenso (postei na minha rede social o fato ocorrido na oficina de uma educadora
desinformada e preconceituosa sobre o uso do incenso na sala) ou com o brincar,
dentro e fora da sala de aula, sobretudo,
para uma educação conteudista focada só no letramento codificado na leitura e
na escrita de sinais gráficos ou nos índices dos programas nacionais de
alfabetização e “medição” da qualidade educação no país, brincar pode ser somente
perda de tempo, pois escola é lugar para ler e escrever- NÃO BRINCAR- diria
alguns pais e professores desavisados ou tradicionais.
Sou
professor e sei de todas as demandas em uma sala de aula, sobretudo, numa sala
multisseriada, com vários níveis de aprendizagem juntos! Sei também de toda a
demanda que o Núcleo Pedagógico tem, apesar de falarem por aí, que os
Coordenadores e no Núcleo não se trabalha, ou pouco se faz. Imagine pra mim que
sou Licenciado em Teatro, ator e diretor teatral e brincador popular?! Pausa
dramática para a reflexão do lugar do brincar no desenvolvimento humano e da
arte na vida de cada um, especialmente desses educadores e educandos!
Mas
o que me toca e impulsiona é perceber este encontro feliz e indispensável com a
experiência viva da arte, do jogo e da ludicidade com quem está disposto a
brincar e tornar esta vivencia forte e potente na sua vida, memória e trabalho.
Comecei
a fazer teatro quando criança e Dona Maria Adélia, minha professora primária,
soube me estimular no mundo da leitura, da poesia, das artes, da declamação de
poemas, numa salinha pequena de uma escola chamada Álvares de Azevedo, lá na
Fazenda Xavier, na zona rural do Guigó (distrito de José Gonçalves, em Vitória
da Conquista -BA), e Ivonete Oliveira, outra professora, me apresentou o mundo
do teatro na igreja. Elas, de certa forma, conduziram e direcionaram o que sou
hoje e isso para mim tem uma força incomensurável, e é como me sinto diante de
tantas crianças e adolescentes quando estou numa sala de aula sendo professor,
sendo artista, ator, brincador!
Temos
sim o poder de estimular essas crianças e jovens ao sucesso ou ao fracasso!
Podemos dar asas ou corta-las. Podemos educar para vida como para a escravidão!
Registrei esta memória/experiência no espetáculo teatral Entre a Cruz, a Espada e a Estrada – Como nasce um Artista Sertanejo,
que compartilho com vocês o fragmento agora:
Eu tinha de 09 para 10
anos quando recebi a “missão”. Haveria um desfile cívico no centro do povoado,
onde morava, e os melhores alunos foram indicados para representar a escola. Eu
era um deles. Com orgulho e ufanismo infantil estufei meu peito e fui
representar minha escola. Mas o destino já brincava comigo. Na frente do
pelotão ia o imponente D. Pedro em um cavalo tão alto quanto se podia olhar.
Ele era um menino lindo, de uma brancura ímpar, com cabelos curtos e negros,
parecendo a versão masculina da Branca de Neve. Todos queriam estar lá, em cima
do cavalo. Até eu. Só que o nosso Branco de Neve era tímido. E num passe de
mágica, talvez da minha fada madrinha, acabei em cima do cavalo. A banda tocava
num ritmo eufórico e frenético, atiçando meu coração. Ivonete, a que me colocou
no cavalo, num gesto místico passou-me a espada e pediu que, ao seu sinal,
gritasse, com toda minha força o texto. Nunca vou esquecer a sensação, o fogo
no rosto, a altura do cavalo, o olhar do público que me acompanhava num cortejo
quase medieval. – Vai! Disse ela com um olhar de esperança. Tremendo e apoiando
uma das mãos na cabeça da sela, exclamei:
“- Forjem as armas soldados! Independência ou
morte!!”
Desse dia em diante,
nunca mais larguei a minha excalibur e assumi de vez a missão de guerreiro pela
arte.
Como
no texto teatral continuo acreditando numa educação acessível a todos, com
arte, ludicidade, teatro, cultura popular e estripulias, que tire o estudante e
o professor de um comodismo ou tradicionalismo imposto que nos enquadram e aprisionam.
Podemos nos aprisionar numa prática sem prática só pautada em citações ou
títulos adquiridos sem o chão, sangue e poeira encarnada no nosso
corpo-discurso, para sustentar uma carreira que não impulsiona sonhos ou asas
de ninguém, por estar presa em salas e reuniões obsoletas e burocráticas ou na
vaidade e egos dos que se perderam de si próprios na busca dos quallis e lattes
da vida... A ironia é que quanto mais se estuda, mais se afasta das pessoas, da
realidade, da experiência que são a matéria prima e objeto do aprimoramento e
pesquisa, a meu ver.
Nossa
intenção é uma educação para libertar e dar foco a toda criatividade viva e
pulsante. Quero uma escola que seja um circo de fantasia não de prisão! Acredito
em professores brincantes, palhaços, contadores de causos e histórias e vi
muitos desses nessa oficina de Jogos e Ludicidade. Aprendemos e nos formamos
não só na escola ou academia, mas com a experiência espalhada em todos os
grupos que participamos e devemos diariamente resignificar este espaço da
escola e entusiasmar por uma educação mais presente e significativa na vida de
cada um.
A
Oficina de Jogos e Ludicidade para
Educadores foi só um pirulito na boca, como disse, para aguçar o gosto doce
pelo brincar e arte nas salas de aula, e o resultado foi super positivo e
agradou aos educadores, brincantes e jogadores presentes, como registrado na avaliação
do encontro.
Agradeço
por todos os sorrisos, presença e alegrias desses educadores que brincaram
comigo e experienciaram os jogos e o lúdico como metodologia pulsante,
necessária, vivificante e possível nas salas de aula, nas comunidades, nas igrejas
e na vida.
Continuemos! Mês que vem tem mais!
Por
uma educação pautada no indivíduo, na pessoa, na arte e na vida!
MERDA
PARA NÓS, SEMPRE!
Evoé, axé, laroyê!!! Experienciemos!
Aprendemos através da
experiência, e ninguém ensina nada a ninguém. [...] Se o ambiente permitir,
pode-se aprender qualquer coisa, e se o indivíduo permitir, o ambiente lhe
ensinará tudo o que ele tem para ensinar. “Talento” ou “falta de talento” tem
muito pouco a ver com isso. Devemos reconsiderar o que significa “talento”. É
muito possível que o que é chamado comportamento talentoso seja simplesmente
uma maior capacidade individual para experienciar. [...] Experienciar é
penetrar no ambiente, é envolver-se total e organicamente com ele. (VIOLA SPOLIN)
PS: Obrigado a Erick, Elisangela, Joventino e Lucinea pelas imagens fotográficas que registraram esta memória lúdica. Valeu mesmo, queridos!
[i] Sertão da Ressaca é uma área localizada no estado da
Bahia que originalmente foi doada em 1783 pelo Rei de Portugal ao Capitão-Mor
João Gonçalves da Costa, fundador da cidade de Vitória da Conquista, em
recompensa pela conquista definitiva daquela região após pacificar e catequizar
os índios nativos.
O
Sertão da Ressaca se estende do sul, no alto Rio Pardo, até ao norte, no médio
Rio das Contas. Ao oeste o limite é o Rio Gavião, da foz até as proximidades da
atual cidade de Anagé, ao leste o limite é o começo das terras de vegetação
conhecida como "mata de cipó".
[ii]
O Programa Fábricas de Cultura é uma política
cultural desenvolvida pelo Governo do Estado de São Paulo, através da
Secretaria de Estado da Cultura e administrado por duas organizações sociais, a
Catavento Cultural e Educacional, que gerencia 5 unidades na zona leste da
capital paulista (Vila Curuçá, Sapopemba, Itaim Paulista, Parque Belém e Cidade
Tiradentes) e a Poiesis, responsável pelas zonas sul (Capão Redondo, Jardim São
Luís) e norte (Brasilândia, Vila Nova Cachoeirinha e Jaçanã). O território de
atuação das Fábricas de Cultura, 10 distritos da cidade de São Paulo, se
caracterizam pelo alto Índice de Vulnerabilidade Juvenil (IVJ)2, promovido pela
Fundação SEADE em 2000. As Fábricas de Cultura são equipamentos de formação e
difusão artística e cultural, seu público alvo prioritário são crianças e
jovens, entre 08 e 21 anos. São oferecidos ateliês de formação cultural de
dança, teatro, circo, música, multimeios, escrita criativa e capoeira, entre
outros. Totalizam 10 prédios, com cerca de 7.000 m² cada, que contam estrutura
especializada, com salas de aula/ensaio variadas, biblioteca e teatro.
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