Dionísio Sertanejo na terra de Euclides da Cunha
Por Marcelo Benigno*
Aconteceu entre os dias 23 a 26 de outubro de 2008, mais uma etapa da Oficina de Capacitação para Grupos Teatrais no Interior, promovida pela Fundação Cultural do Estado da Bahia.
Desta vez, o Projeto desembarcou no sertão mítico e real, perto de Canudos, na cidade de Euclides da Cunha, localizada no Território de Identidade 17, chamado Semi- Árido Nordeste II.
Não faltou FOCO*, nem ALMA DE APRENDIZ* neste encontro, afinal como sertanejos legítimos comemos quase que antropofagicamente a FARINHA SECA* sem deixar FARRAPOS*.
OXENTE*, mas teve de um tudo?! Teve alemão, russo, polonês, brasileiro, sertanejo e baiano também, que vieram numa só roda, discutir conosco, sobre este tal de teatro universal, brasileiro, nordestino, baiano e interiorano. Brecht, Stanislavski, Grotowski, Barba, Laban, Bartenieff, Décio, Camelo, entraram na roda permeados pelas discussões de um teatro acessível e popular, que faça sentido para a vida e realidade das pessoas, sobretudo, para as pessoas do interior e toda a comunidade que aprecia esta produção cultural.
Discutimos, lemos, respiramos e cantamos pelo diafragma e inflexionamos mais uma pergunta possível:
Por que fazemos teatro e que pertinência tem esta arte para nós e para a nossa comunidade?!
Em Euclides da Cunha pode se perceber a pujança de artistas compromissados, fortes, sem nada a dever aos artistas das capitais, embora a cidade ainda não tenha total conhecimento da importância e relevância desta produção artística e cultural, com os problemas e ausências típicas do interior...
AFINAL, SANTO DE CASA NÃO FAZ MILAGRES e sempre o de fora, é melhor do que quem aqui está, ou quem está, deve sempre fazer a corte para os de fora, que vem e sempre “chupam tudo” e vão embora! Entenderam né?!
Acho e acredito que a comunidade deve estar mais envolvida, o poder público, as prefeituras locais, o empresariado, tornando viáveis as ações culturais que são importantes para toda região. Deve-se investir na cultura local, nos artistas locais através de políticas públicas e ações municipais, não esperar somente por ações e projetos do Estado.
Em Euclides o Teatro de Grupo é forte e não meramente uma aglomeração de elencos soltos nas capitais, como nos lembra Eugênio Barba.
O Teatro de Elenco e Teatro de Grupo são conceitos propostos por André Carreira, Valéria Maria de Oliveira e também encontrados nos escritos do encenador italiano Eugenio Barba.
O primeiro refere-se à produção tradicional de agrupamentos que têm o fim último de montagem cênica, enquanto o segundo teria uma área de atuação mais ampla incluindo atividades como ações pedagógicas (treinamento), desenvolvimento de projeto poético, ações de reflexão sobre a própria prática, etc.
O conceito de Teatro de Grupo tem sido empregado de maneira recorrente na contemporaneidade para definir a atuação de diversos coletivos de teatro que se identificam com o perfil em questão e é o que nos interessa!
Pra vocês verem que nós interioranos também estudamos, estamos ligados!
Vivenciamos nesta oficina alguns momentos marcantes e distintos, teóricos e práticos, como o treinamento corporal (“puxado”) para os atores; a explanação esclarecedora do técnico da Funceb, Poliana Bicalho; a busca da chave da sala; e outros que acabaram centrados, conscientes ou inconscientemente, na figura da Roda, no círculo, como a Roda de Contato e Improvisação; a Roda de improvisação, criação de personagens e cenas através de elementos cênicos; a Roda de Leitura de Cordéis e suas fuzarcas, brincadeiras e músicas populares, a Roda de discussão no final da atividade.
Foi lindo, estimulante e mágico ver a força, o talento e sensibilidade dos artistas euclidenses em cena e de perceber de como no nosso interior tem muitos ainda escondidos, ultrajados, esquecidos.
Esperar agora o Festival de Teatro que a cidade sediará em Dezembro, organizado pela CATEC - Cooperativa dos Artistas de Teatro de Euclides da Cunha, que certamente será mais autêntico e legítimo que os Festivais que estão acontecendo ultimamente em Salvador, que insistem em representar a Bahia pela capital, esquecendo que Salvador sozinha não é a Bahia, e que nos 26 Territórios de Identidade que o Estado tem em seus 417 municípios, a segunda prioridade é o Teatro, e que muitos dos seus grupos interioranos estão por ai, trabalhando, pesquisando, e participando de festivais, inclusive fora da Bahia, com um teatro popular, profissional, sério e que pouco é visto e reconhecido na capital soteropolitana.
Para que tanto glamour e pompas quando não se conhece nem o seu umbigo e sua produção?!
O conceito de Teatro de Grupo tem sido empregado de maneira recorrente na contemporaneidade para definir a atuação de diversos coletivos de teatro que se identificam com o perfil em questão e é o que nos interessa!
Pra vocês verem que nós interioranos também estudamos, estamos ligados!
Vivenciamos nesta oficina alguns momentos marcantes e distintos, teóricos e práticos, como o treinamento corporal (“puxado”) para os atores; a explanação esclarecedora do técnico da Funceb, Poliana Bicalho; a busca da chave da sala; e outros que acabaram centrados, conscientes ou inconscientemente, na figura da Roda, no círculo, como a Roda de Contato e Improvisação; a Roda de improvisação, criação de personagens e cenas através de elementos cênicos; a Roda de Leitura de Cordéis e suas fuzarcas, brincadeiras e músicas populares, a Roda de discussão no final da atividade.
Foi lindo, estimulante e mágico ver a força, o talento e sensibilidade dos artistas euclidenses em cena e de perceber de como no nosso interior tem muitos ainda escondidos, ultrajados, esquecidos.
Esperar agora o Festival de Teatro que a cidade sediará em Dezembro, organizado pela CATEC - Cooperativa dos Artistas de Teatro de Euclides da Cunha, que certamente será mais autêntico e legítimo que os Festivais que estão acontecendo ultimamente em Salvador, que insistem em representar a Bahia pela capital, esquecendo que Salvador sozinha não é a Bahia, e que nos 26 Territórios de Identidade que o Estado tem em seus 417 municípios, a segunda prioridade é o Teatro, e que muitos dos seus grupos interioranos estão por ai, trabalhando, pesquisando, e participando de festivais, inclusive fora da Bahia, com um teatro popular, profissional, sério e que pouco é visto e reconhecido na capital soteropolitana.
Para que tanto glamour e pompas quando não se conhece nem o seu umbigo e sua produção?!
A Bahia não é só feita de acarajé, praia, axé, e besteirol, mas de carne de bode assada, caatinga, forró e cordel! Sem valorizar o que é nosso primeiro viveremos sempre na valorização alheia dos outros, que sempre se acham melhores, mais modernos, mais graduados e mais antenados que outrem.
Somos todos iguais e na nossa roda popular todos são importantes, dando o valor e oportunidades igualmente a todos!
Se um pé de feijão recebe adubo e água ele cresce e dá frutos! Imagine uma planta sem nada?! Oxe, mas quem ta na capital entende de planta?! Ta vendo como é bom rotular os outros?!
Somos todos iguais e na nossa roda popular todos são importantes, dando o valor e oportunidades igualmente a todos!
Se um pé de feijão recebe adubo e água ele cresce e dá frutos! Imagine uma planta sem nada?! Oxe, mas quem ta na capital entende de planta?! Ta vendo como é bom rotular os outros?!
Nós é Jeca, seu Doutor, mas nós não é besta, não! Evoé!
Viva o teatro interiorano e euclidense!
Viva o artista popular!
Por uma arte mais verdadeira, menos comercial e mais transformadora!
Viva o teatro interiorano e euclidense!
Viva o artista popular!
Por uma arte mais verdadeira, menos comercial e mais transformadora!
MARCELO BENIGNO é ator, arte educador, professor de teatro pela UFBA, diretor do Grupo Caçuá de Teatro de Vitória da Conquista, no sudoeste da Bahia, artista popular, membro do Conselho Fiscal do SATED-BA e um dos ministrantes das Oficinas de Capacitação para Grupos de Teatro do Interior, promovidas pela FUNCEB.
(*Grupos participantes da oficina)